quarta-feira, 9 de maio de 2012

Causa Mortis


Pra sociedade eu morri, e talvez seja essa a única maneira que eu encontrei de não morrer sufocada. Todos nós temos uma loucura interior, um lado ruim que nosso subconsciente insiste em esfregar em nossos pensamentos até sangrar. Acredito que nós humanos buscamos sempre um êxtase. Está no nosso genes. Uma bebida alcoólica, uma droga, um orgasmo. Seja com ou sem sentido, precisamos disso para viver. Parar, sentir o chão como uma nuvem, seja por uma noite inteira, por um milésimo de segundo, ou o momento que antecede o vômito. Nós precisamos pairar no vácuo, para nos elevar dessa merda de realidade que vivemos. Cada um à sua maneira cujas muitas são altamente prejudiciais. Eu sou uma escritora, e descobri isso quando comecei a gostar mais de livros do que de pessoas, mas não é por isso que não sou humana. Sofro dos males da carne, de sua decadência e do seu fadado sofrimento. O prejuízo de uma mente racional com tantos poucos anos? Ódio. Algum nazista disse certa vez que a brutalização do jovem cria o monstro do amanhã. A realidade me brutalizou, porque ela foi diferente dos meus sonhos e é a única coisa que a ponta dos meus dedos podem tocar, o único véu pesado que me venda e me obriga a lacrar a visão deste inferno para um mundo mais lindo, um mundo mais eu. Aqui dentro é escuro, com cheiro de sangue e solo de areia. Entretanto é melhor do que aí de fora, onde tudo é mentira e indiferença. Aqui dentro eu tenho sentimentos, aqui eu tenho dor, alegria, felicidade, monstros. Aqui quem manda nos meus êxtases sou eu.

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