terça-feira, 31 de julho de 2012

Destes tristes fins


Há o frio e o resto do café. As repetições se acumulam e o prostam na posição do poeta que busca suas rimas, não há mais graça em sua existência cansada de eremita de si mesmo. O caminho que trilhou até aqui só lhe garantiu frutos amassados e solitários, ora venenosos, ora deleitantes e o fez mais sensível atrás da carcaça de pedra que o cobre. Há apenas a luz de vela e o tinteiro pela metade. As palavras são riscadas por linhas inteiras e arremessadas no lixo sem segundos pensamentos. Não foi o aprendizado ruim, mas o aprendiz. O vão e as raízes de sua ventura poética avançam por sobre seus músculos do coração, tomando o lugar da vida. Faz-te forte, homem, faz-te vil. Por entre as entranhas de se mesmo, de palavras ainda cabem mais mil. Há o sonho e a possibilidade, sobre uma balança instável. O dever o laceia, a consciência o escraviza, mas o medo o aterroriza. O medo de ter medo de temer. As inspirações caem no chão e escorrem por entre os dedos finos, vê então sua face refletida mas não consegue tocar-se.
E contenta-se com as migalhas.
Há o karma e o absinto. Entre as paredes de si mesmo, ele se prende e se sufoca sozinho. Dentro de si não há mais espaço para tantas mentiras e tantos eus que lhe roubam o pouco ar e as poucas rubricas de vida. Há o peso a leveza, e é essa leveza que o leva para o peso extremo de sua própria razão. O remorso corroi o íntimo e enferruja as relações, deixando nada além de uma caixa hermética.
E valsa no tablado de ácido.
Há a faca e o fósforo. Os ruídos do abismo ecoam com as onomatopeias demoníacas de sua alma, dando-lhe sentido. Os superegos se perdem em um só ego, e o super morre conforme os passos avançam. Há o erro e o erro, e o que tiver além dele se dissipa ao longo das palavras. Há a esperança e a dívida, mas nenhuma sobrevive em unilateralidade.
E se joga do penhasco do raciocínio.

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