domingo, 26 de agosto de 2012

Waiting for a miracle









Não, não quero sair. Deixem-me caída aqui para sempre. Não me interessam faces plácidas e compadecidas, só quero minhas cobertas e a minha dor, por favor. Já disse que não. O travesseiro me acolhe bem e me conforta, o colchão me abraça com o amor de um namorado, o vento frio que escapa pelas venezianas e brinca com as penas do meu dream cather me agrada. Não essa fumaça de pulmões feridos, essas ruas de mendigos doentios, de morte em todos os lugares. Estou bem com o meu som baixo, deixe ecoar. Mozart me possui, Leonard Cohen canta só nos meus ouvidos. Não quero cantos de pneu ou sons de pobreza de princípios humanos, quero paz. O sossego dos meus livros que ficam no chão para garantir um analgésico mais rápido, os incensos para me dar um pouco de sossego aromático, o pijama para ser minha armadura.
Me deixe só, com leite frio e meu vinho barato, me deixe só. As facas não cessam de me procurar, não importe que reino e em que peito eu me esconda, quando vai embora eu só tenho meu colchão.
Por favor, não. Só saio quando o sol já tiver ido embora do meu peito. Não compensa ir atrás de milagres mais, se quiserem acontecer, que me procurem


The Maestro says it's Mozart
but it sounds like bubble gum
when you're waiting
for the miracle, for the miracle to come.

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